Amanhã, 26 de setembro, a AEAARP- Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia e a Elenco promovem a palestra do arquiteto belga Laurent Troost.

Laurent vive em Manaus (AM), onde desenvolve técnicas e projetos que combinam arquitetura e natureza. Em sua visão, as duas questões devem ser combinadas em um projeto, proporcionando conforto e harmonia. 

Laurent defende que a vegetação nativa seja combinada com a construção, compondo o paisagismo. Esses são temas que ele aborda em aulas, palestras e cursos que ministra em várias partes do mundo

Sobre Laurent Troost:

Arquiteto belga, reside em Manaus, pós-graduado em geografia e cidades pela Escola da Cidade, em São Paulo e mestre em arquitetura e urbanismo pelo ISAIVH de Bruxelas. Foi destaque em prêmios como: Architeture Masterprize, IAI Most Creativity Awardy, Oscar Niemeyer, Akzonobel.


Serviço

Palestra de Laurent Troost

AEAARP – Rua Clemente Ferreira, 330

Horário: 19h

Inscrição: aeaarp.org.br

Entrada: gratuita

O engenheiro agrônomo Leonardo Barbieri, diretor de agronomia da AEAARP, considera que algumas das respostas às questões ambientais globais estão na engenharia, na arquitetura e na agronomia

O aumento da população mundial de 2 para 7 bilhões de pessoas em sete décadas fez disparar números que acusam grande impacto do ser humano no Planeta. “Nós temos de saber onde está a solução para essas questões”, fala o engenheiro Fernando Junqueira, presidente da AEAARP-Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto.

Esse é o mote do encontro que a Associação promoverá na próxima quinta-feira com o título ESG: desafios ambientais globais, soluções de governança locais, com Laura Valente de Macedo, que é pesquisadora associada em governança e infraestrutura urbana, no programa de administração pública e governo da FGV.

O evento é parte de uma série de encontros promovidos pela diretoria de agronomia da AEAARP, sob a coordenação do engenheiro agrônomo Leonardo Barbieri. O título dos encontros, Quinta do Amendoim, sugere que as conversas com os convidados devem extrapolar o rito de uma palestra convencional.

“A ideia é reunirmos especialistas, locais e de outras instituições, para oxigenarmos conceitos e trabalharmos juntos por essas soluções. Reclamar é simples, difícil é se dispor a colaborar. E o que estamos propondo é nos juntarmos para trilhar esse caminho mais trabalhoso”, observa Leonardo.

Os encontros da Quinta do Amendoim são gratuitos e acontecerão todas as terceiras quintas-feiras de cada mês até novembro.

Números

O cenário que será debatido no encontro é o de que o aumento populacional das últimas décadas foi combinado com a migração em massa do campo para a cidade e o aquecimento do consumo – “em 2020, consumimos os recursos do nosso Planeta em pelo menos 75% acima do disponível ou o equivalente a viver de 1,75 Terras, de acordo com a Global Footprint Network. Estamos no cheque especial da natureza”, pontua Laura.

Esse cenário provocou concentrações de gases que causam o efeito estufa em índices recordes, emissão de gases em atividades agrícola e pecuária e principalmente na produção de energia.

“A produção e a distribuição de alimentos, a proteção da biodiversidade e a redução de emissões carbônicas são questões que devem ser enfrentadas pelo conjunto da sociedade. Muitas respostas estão nas engenharias, que têm a capacidade de formular soluções que mitiguem o impacto já causado e que não resultem em novas e dolorosas consequências”, explica Laura.

Em sua visão, grandes medidas – como leis, decretos e acordos internacionais – são implementadas no nível local. “É nas cidades que começamos as verdadeiras mudanças”, fala.

Associação representa os profissionais há 75 anos e recebeu uma placa do Conselho em reconhecimento pela história 

A Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP) foi homenageada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP). A entidade de classe, que completou 75 anos, foi prestigiada durante a sessão plenária do Crea-SP do último dia 20/07, na capital paulista.

“As associações são o elo entre o Conselho e os profissionais nos municípios. A homenagem é mais que justa, pois a AEAARP atende a área tecnológica há mais de sete décadas. Agradecemos a parceria e colocamos o Conselho à disposição para as entidades e, assim, avançarmos em ações que valorizem os profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências”, destacou o presidente do Crea-SP, Eng. Vinicius Marchese.

O presidente da AEAARP, Engenheiro Fernando Paoliello Junqueira, agradeceu a homenagem e ressaltou a importância da aproximação do Conselho com as entidades para o desenvolvimento dos profissionais do município e em todo o Estado. “O estreitamento das associações com o Crea-SP é fundamental para que os profissionais contribuam para a difusão das funções do Conselho, que, inclusive, oferece segurança jurídica para a própria classe. Temos feito forças-tarefas e diversas ações em conjunto, mostrando que o trabalho da autarquia não visa somente a fiscalização, mas sim impulsionar a carreira dos profissionais junto às entidades”, destacou. 

Na ocasião, ele recebeu uma placa em consagração aos trabalhos prestados da associação durante todos esses anos pelos profissionais da área tecnológica no município de Ribeirão Preto.

A pauta sobre sustentabilidade une a OAB Ribeirão Preto à campanha Civilidade nas Ruas, lançada em 2019 pela AEAARP - Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, com objetivo de aumentar a destinação de resíduos para reciclagem. Em reunião realizada na AEAARP, nesta quarta-feira, 21 de junho, as duas entidades selaram parceria para ampliar a destinação de resíduos para reciclagem na cidade.

Já são parceiros o SINCOVARP-Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto, CDL-Clube dos Dirigentes Lojistas, Lions Clube Centro, Lions Clube Ribeirão Preto Campos Elíseos, ABRAPEC (Associação Brasileira de Assistência às Pessoas com Câncer), além dos Lions Clubes de Brodowski e Cravinhos.

Toneladas de EPS (conhecido como IsoporR), blister (cartelas vazias de comprimidos), além de papel, papelão, latinhas, garrafas pet, vidro, tampinhas de plástico, lacres de latinhas têm sido destinadas a empresas de reciclagem que reaproveitam os materiais em processos industriais evitando poluição da cidade, acúmulo em lixões clandestinos e contribuindo para diminuir a quantidade de resíduos nas vias públicas. “É uma ação de responsabilidade social, alinhada com parceiros que têm conseguido grandes resultados, por isso, vamos ampliar as parcerias e fazer desta campanha um pacto pela sustentabilidade”, comenta o presidente da AEAARP, engenheiro Fernando Junqueira.

“Conhecemos a campanha e começamos agora a fazer um chamamento aos 9 mil advogados da OAB Ribeirão Preto para que participem destinando corretamente os resíduos. A campanha Civilidade nas Ruas contribui com geração de renda, inserção social, sem contar a contribuição ao espaço público e ao meio ambiente, questões que estão em sintonia com o debate mundial”, disse o presidente da entidade, advogado Alexandre Nuti.

Presentes à reunião, além do engenheiro Fernando Junqueira e o advogado Alexandre Nuti, estavam a gestora ambiental Kelly Cristina, o diretor administrativo da AEAARP, Luiz Menegucci, e as jornalistas, Daniela Antunes e Blanche Amancio.

O portal da AEAARP mantém uma lista atualizada de endereços, que agora conta com a sede da OAB em Ribeirão, para o descarte de materiais recicláveis. A lista está disponível no link: https://aeaarp.org.br/release/ecopontos-em-ribeirao-preto .

Fispal Tecnologia reconhecida internacionalmente como uma plataforma de ponta para apresentar inovações e avanços em processos, embalagens e logística

A AEAARP - Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto está organizando uma visita técnica à Fispal Tecnologia, maior encontro mundial das indústrias de alimentos e bebidas. O evento celebra a 39ª edição e será realizado dia 29 de junho de 2023.

A Fispal Tecnologia é reconhecida internacionalmente como uma plataforma de destaque para apresentação das últimas novidades e tecnologias em processos, embalagens e logística do setor. Com expectativa de reunir mais de 45 mil visitantes e cerca de 450 expositores, o evento promete proporcionar um ambiente rico em conhecimento e networking para profissionais da área.

Este ano, a Fispal Tecnologia traz como tema "Futuro Sustentável" e reforça seu compromisso em impulsionar o crescimento da indústria de alimentos e bebidas, ao mesmo tempo em que busca promover a consciência social e ambiental. Os projetos, atrações e operacional do evento seguirão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A visita técnica à Fispal Tecnologia é uma oportunidade imperdível para profissionais da engenharia, arquitetura e agronomia conhecerem de perto as últimas tendências e inovações do setor. Além disso, é uma chance única de estabelecer contatos e parcerias com renomados especialistas e empresas do ramo.

As vagas para a visita são limitadas, portanto, é essencial garantir a inscrição o quanto antes. Associados da AEAARP não têm custo para participar, enquanto não associados devem consultar o valor e disponibilidade. O ônibus para o transporte dos participantes partirá da AEAARP, localizada na Rua Clemente Ferreira, 330, às 6h30, com previsão de retorno às 22h30.

No dia 14 de junho, uma comitiva da AEAARP-Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto vai conhecer a indústria de papelão do Grupo Penha, em Itapira (SP). A saída do grupo será às 6h15 da manhã e a previsão de retorno é para as 17h.

A indústria de papelão do Grupo Penha é reconhecida como uma das maiores produtoras de embalagens de papelão ondulado do país, com faturamento anual de R$ 2,5 bilhões.

Com presença em três estados brasileiros - São Paulo, Paraná e Bahia - o grupo emprega cerca de 2 mil profissionais em quatro plantas operacionais e quatro unidades de apoio, todas especializadas na produção de soluções de embalagens.

A visita técnica proporcionará aos participantes a oportunidade de conhecer todas as etapas do processo de fabricação dos produtos do Grupo Penha. Desde a matéria-prima até o produto final, os visitantes terão a chance de acompanhar de perto as práticas adotadas pela indústria.

O engenheiro Celso de Azevedo, diretor de Engenharia da AEAARP, explica que o Grupo Penha pratica o modelo de economia circular, produzindo papelão ondulado com menor impacto ambiental. “Precisamos conhecer mais sobre esse processo para aplicarmos em nossas atividades ou novos negócios”, fala Celso.

As vagas para a visita técnica são limitadas e exclusivas para associados AEAARP. A saída e o retorno ocorrerão na sede da Associação - Rua Clemente Ferreira, 330.

Pesquisa do IBGE identificou o aumento de 120% na presença de mulheres no setor da construção civil entre os anos 2007 e 2018

Nesta sexta-feira, 12 de maio, a Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP) promove a palestra Mãe, mulher e seus desafios na sociedade moderna com a psicóloga Eliana de Pádua. Ela vai falar sobre desafios das mulheres desde a Grécia Antiga até os tempos atuais. A organização é do grupo AEAARP Mulher.

“Será uma conversa sobre como a mulher vem se empoderando e ocupando espaços em que antes não eram vistas e nem aceitas”, fala Eliana.

Uma pesquisa realizada pelo IBGE identificou o aumento de 120% na presença de mulheres no setor da construção civil entre os anos 2007 e 2018. Atualmente, são mais de 200 mil mulheres ocupando cargos em escritórios de engenharia, indústrias e canteiros de obras. 

A palestra será às 18h30 na AEAARP - Rua Clemente Ferreira, 330. O evento é gratuito.

No centro da cidade, três casarões construídos no início do século passado são exemplos de preservação, investimento e persistência.

Leia mais: https://aeaarp.org.br/wp-content/uploads/2022/08/20190924171505painel-293-site.pdf - página 5

Dois ícones da arquitetura cafeeira do interior paulista estão, finalmente, em obras. A intervenção na Biblioteca Altino Arantes é inovadora e arrojada e, grande surpresa para o público, o Palacete Camilo de Mattos também será restaurado. As duas iniciativas são do setor privado.

“Ainda temos muitos bens históricos abandonados no quadrilátero central, como o Hotel Brasil, as ruínas do Palacete Albino de Camargo, que também devem receber atenção especial. Se a cidade é feia e abandonada, ela é motivo de tristeza aos olhos das pessoas que caminham pelo centro”, observa o arquiteto Cláudio Bauso.

Casarões e palacetes construídos no início do século XX na região central de Ribeirão Preto representam o período em que a cidade foi uma das maiores produtoras de café do Brasil. Os imóveis caracterizam a formação de uma cidade associada ao complexo cafeeiro, dos pontos de vista político e econômico. As construções invariavelmente demonstravam a riqueza e o poder daquele período histórico.

As mudanças culturais e econômicas do final do Século XX provocaram a verticalização do centro. Muitas das construções do período áureo do café deram lugar a edifícios residenciais e comerciais. Alguns casarões resistem, protegidos pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac). “Preservar esses bens significa ter uma memória registrada não só do modo de edificar como também do modo de viver e residir no período do café”, explica a historiadora Lilian Rosa.

Na arquitetura, completa a historiadora Sandra Regina Firmino Abdala, ficam registrados erros e acertos do passado e do presente. “Como sociedade, nos apropriamos desses conhecimentos, sem os quais fica difícil construirmos um futuro melhor para nós mesmos”, argumenta Sandra, que atua na Divisão de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal da Cultura de Ribeirão Preto.

Segundo a professora de história Nainôra Maria Barbosa de Freitas, docente do Centro Universitário Barão de Mauá, a preservação dos bens culturais depende de políticas públicas aplicadas em educação permanentemente com o objetivo de trabalhar com a identidade e a memória de uma comunidade. “Tarefa de uma vida inteira, aliando educação, cultura, bem como todos os aspectos de uma sociedade que se esforça para garantir às gerações seguintes a preservação da história e da memória. Acredito em parcerias entre poder público e privado junto com o esforço da sociedade civil”.

Segundo ela, quando a memória não é respeitada, a identidade e o exercício da cidadania são deixados de lado e as referências, que permitem ligar o passado com o futuro, são esquecidas.

“Uma cidade precisa destas referências culturais para avançar construindo cidadania atuante, em que o cidadão seja partícip partícipe e não apenas um mero espectador, usuário da cidade onde mora, ou trabalha”, defende.

O patrimônio cultural é um dos principais agentes para salvaguardar a identidade original de uma comunidade.
Sandra Regina Firmino Abdala – historiadora

Quando nos referimos ao patrimônio olhamos o passado mas, a referência são as escolhas que queremos deixar para as gerações seguintes, ou seja, para o futuro.
Nainôra Maria Barbosa de Freitas, professora de história

Biblioteca Altino Arantes

“Presente para a comunidade e resgate do centro de Ribeirão Preto”. É assim que Wagner Chiodi, diretor administrativo da Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira, define a restauração da Biblioteca Altino Arantes. A Fundação é mantenedora do local.

O imponente casarão, localizado na Rua Duque de Caxias, na região central de Ribeirão Preto foi projetado pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, um dos mais importantes arquitetos brasileiros no início do século passado. O prédio foi construído em 1932 para ser residência de Francisco Maximiano Junqueira, o coronel Quito Junqueira, pecuarista, cafeicultor e empresário, e Theolina Zemilla de Andrade Junqueira, conhecida como Sinhá Junqueira.

Quito Junqueira faleceu em 1938. O casal não tinha herdeiros o que inspirou sua viúva, Sinhá Junqueira, a criar em 1952 a fundação que leva o seu nome com o intuito de que seu patrimônio fosse usado para manter as obras filantrópicas às quais se dedicou durante toda a vida. Ela faleceu em 1954 e no seu testamento deixou expresso o desejo de que a sua residência se tornasse uma biblioteca pública. No ano seguinte, 1955, foi inaugurada a Altino Arantes.

O prédio é tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão estadual dedicado à preservação. Em 2014, a Fundação Educandário assumiu a Biblioteca com o objetivo de recuperar o prédio e o acervo. “Havia vitrais quebrados, trincas nas paredes e alguns livros estavam desmanchando”, explica Wagner.

A obra de restauração e ampliação da biblioteca começou em 27 de janeiro de 2019 e deve ser concluída até o final deste ano. Com investimento de R$ 11 milhões, proveniente exclusivamente da Fundação Coronel Quito Junqueira, o projeto do escritório Pitá Arquitetura, de São Paulo (SP), prevê a restauração integral do prédio, realizada por um especialista em restauro, e a construção de um anexo, com arquitetura horizontalizada e minimalista. A área total passará de 600 m² para 1.490 m².

Segundo Wagner, nenhuma parede será alterada. Serão modificadas apenas as funções dos espaços internos. O local contará com sala de leitura, acervo físico e digital, anfiteatro, biblioteca, café e elevador para acesso de deficientes. “Será uma estrutura moderna, com tecnologia para atrair o público”, diz Wagner.

A edificação foi construída atendendo padrões estéticos e funcionais da época da concepção do projeto (década de 1920), adequado às famílias de alto poder aquisitivo. É farta em ornamentos, por dentro e por fora. A instalação da biblioteca exigiu alterações, preservando sua essência.

Segundo Maria Luiza Dutra, responsável pelo projeto de restauração, a maior dificuldade diz respeito às instalações elétricas, de prevenção e combate a incêndios, proteção patrimonial, ar-condicionado e acessibilidade. Esses itens têm de compatibilizar as normas atuais à preservação de pisos, forros e paredes decoradas.

“A maior parte das paredes das áreas sociais do térreo da antiga residência, assim como as dos halls do pavimento superior, tiveram suas pinturas decorativas preservadas, embora em condições não muito boas. Veja, não se trata de afrescos, mas de pinturas feitas à máscara com desenhos repetitivos. Todas as pinturas visíveis estão sendo mantidas. As que receberam pintura lisa e foram encobertas em tempos idos terão apenas um trecho à mostra, como testemunho de sua existência”, detalha Maria Luiza.

A nova edificação na área externa vai abrigar auditório e espaços para oficinas
Planta Biblioteca Altino Arantes

Um dos cuidados do projeto de ampliação foi o de garantir que o novo espaço tivesse altura inferior ao da casa projetada por Ramos de Azevedo. “O protagonista da obra é o prédio histórico”, reconhece o arquiteto Fábio de Bem, do escritório Pitá Arquitetura. O projeto também deu ênfase aos espaços internos e externos. “Até o mobiliário foi pensado para a valorização do todo e principalmente da história”, detalha Fábio.

Maquete mostra a integração da nova arquitetura ao projeto original de Ramos de Azevedo

Palacete Camilo de Mattos

Interior Palacete Camilo de Matto

Dezoito meses depois de toda a burocracia tramitar na prefeitura e nos órgãos de preservação do patrimônio, o Palacete Camilo de Mattos, também na Rua de Duque de Caxias, deverá renascer. O prédio foi adquirido em 2017 pelos empresários Ricardo Cesar Massaro e Marcos da Cunha Mattos – que não é descendente do ilustre morador original da casa, apesar da coincidência nos sobrenomes.

Joaquim Camilo de Moraes Mattos, que foi vereador e prefeito de Ribeirão Preto, além da intensa atividade empresarial e política no interior paulista, viveu naquela casa, um endereço privilegiado da elite cafeeira.

Os 1.100 m² do local têm 600 m² de área construída, com 19 cômodos, oito na parte superior e 11 no térreo, além de uma varanda. Nos fundos há uma casa de caseiro. “O palacete será restaurado como unidade unifamiliar, sem outra finalidade de uso, e seguindo sua originalidade”, explica o arquiteto e urbanista Claudio Bauso, responsável pela execução do projeto.

Planta do Palacete Camilo de Mattos

O objetivo dos empresários é dar nova utilização para o prédio e atrair pessoas para centro da cidade. Enquanto a obra não começa, a dificuldade é preservar o imóvel de invasões e depredações. “Temos frequentes ocorrências de pessoas que entram para furtar, dormir ou usufruir do local. Começamos a fazer o monitoramento por câmera para tentar evitar as invasões”, diz Ricardo.

Em junho deste ano, o Palacete foi aberto à visitação durante a Feira Nacional do Livro. “A população teve a oportunidade de conhecer um de seus patrimônios históricos, mostrando a função cultural e social do edifício”, ressalta Claudio. Para ele, o tombamento atribuiu ao imóvel valores artísticos, arquitetônicos e paisagísticos. “Ele participa da paisagem da cidade, portanto também tem uma tendência turística”, argumenta. Estão previstas visitas monitoradas ao Palacete durante a reforma.

A arquitetura do prédio é Art Déco, de origem francesa e eclética, com pinturas de afrescos (técnica de pintura em paredes) em estêncil (aplicação de tinta sobre um molde vazado). No seu interior foram utilizados materiais nobres, como mármore de Carrara e Peroba-rosa nas portas, janelas, caixilhos.

Segundo Claudio, a construção do Camilo de Mattos coincide com o período em que os casarões no centro eram projetados por grandes nomes da arquitetura. Neles, a arte do interior, sempre ricamente adornado, normalmente era executada por italianos, imigrantes que vieram para Ribeirão Preto para trabalhar no cafezal. Sem vocação para a lavoura, fixaram-se na cidade trabalhando como músicos, pintores, artistas de uma forma geral. “Os italianos deixaram um legado, uma contribuição muito grande na arquitetura e na arte das elites do período cafeeiro”, diz.

Claudio explica que o Palacete retrata as relações sociais, políticas, econômicas, trabalhistas e culturais de um período próspero. “Vemos uma relação trabalhista e social em espaços da casa para prestação de serviço interno que naquele momento eram importantes. Isso está na moradia, na forma de construção, como a disposição da casa do caseiro ao fundo e o quarto do casal à frente da casa, onde era possível manter o domínio dos movimentos da residência”, explica.

A Casa da Memória Italiana

Fachada

Com quase 100 anos de existência, a Casa da Memória Italiana, localizada na Rua Tibiriçá, no centro de Ribeirão Preto, é exemplo de preservação. O acervo composto pela estrutura arquitetônica, decorativa e mobiliária é original da década de 1920. “Piso, lustres, arandelas, pinturas artísticas das salas e quartos, vitrais e mobiliário são da época da construção”, conta Maria Augusta Scatena Lopes, neta de Pedro Biagi, o segundo e derradeiro proprietário do imóvel.

Maria Augusta morou na casa por muitos anos e hoje coordena o programa de zeladoria e segurança do Museu Casa da Memória Italiana. Para ela, a utilização da casa por famílias que viveram em épocas tão diferentes, sem a necessidade de adequação, só foi possível devido aos cuidados dos moradores.

A Casa foi projetada em 1923, pelo arquiteto Arnaldo Maia Lello a pedido de Joaquina Evarista Meirelles, fazendeira de café. A edificação foi denominada na planta como Bungalow, estilo de casa americana com influências do Art and Craft, movimento estético inglês que defende o artesanato criativo. Parte de sua ornamentação externa é considerada com estilo neocolonial simplificado, que surgiu em São Paulo no início do século XX.

Em 1941, a residência foi comprada pelo casal de imigrantes italianos Pedro Biagi e Eugenia Viel Biagi. A casa foi habitada por seus familiares até 2012. Em 2014, o imóvel foi doado ao Instituto Casa da Memória Italiana, criado com o intuito de documentar e preservar a história da imigração italiana.

O espaço mantém diversas ações educativas e culturais gratuitas. São realizadas palestras, contações de histórias, música e oficinas para família, exibição de filmes, exposições de arte e um concerto de final de ano apresentado no jardim da fachada da edificação.

“Todas as ações tem o objetivo de agregar a comunidade ao espaço histórico, promovendo experiências que fomentem o sentido do pertencimento ao Museu Casa da Memória Italiana como um lugar de memória da cidade e da sua própria vida”, destaca Alice Registro Fonseca, gestora executiva Casa da Memória Italiana.

Desafio da engenharia

Uma capela de 1920 foi erguida e sob ela será construído um complexo de entretenimento e lazer

Capela Santa Luzia

Uma antiga capela tombada pelo tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) ficou no meio do caminho de um ousado projeto na capital paulista. A solução foi erguê-la, usando a ciência que transforma e que também preserva: a engenharia.

A edificação, projetada pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Bianchi e construída em 1922, foi suspensa a 31 metros do chão sobre uma plataforma de concreto e sustentada por pilares. A construção do complexo Cidade Matarazzo, projeto que compreende um hotel de luxo que será entregue em 2020 em São Paulo (SP), e integra a capela a um complexo hoteleiro, a Rosewood Hotels and Resorts.

Oito pilares de 54 metros de profundidade foram concretados sob o a edificação, que tem 1.600 toneladas. O terreno foi inteiramente removido para criar o vão necessário para oito andares de subsolo. A escavação das colunas foi feita com uma perfuratriz de baixa percussão e depois, com processos de hidrojateamento (utilização de jato de água de alta pressão), a terra sob o edifício foi cuidadosamente removida. O espaço abaixo da igreja será ocupado por um cinema, bicicletário, área de desembarque de passageiros e estacionamento.

Profissionais de Engenharia e Arquitetura falam sobre a preferência brasileira pela alvenaria convencional em contraponto à diversificação dos processos construtivos mundo afora

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Alvenaria convencional, estrutural, paredes de concreto, paredes de EPS e wood, steel frame ou light steel frames combinados a uma gama variada de materiais de vedação, como placas cimentícias, drywall, OSB, entre outros [veja Glossário]. São muitos e variados os tipos de sistemas e subsistemas de construção utilizados em obras mundo afora [leia ‘Definições sobre sistemas construtivos’ nesta reportagem], mas no Brasil prevalece a utilização de menos da metade deles, com vantagem disparada para a alvenaria.

De acordo com o engenheiro civil e professor universitário André Zanferdini, a escolha majoritária por construções de blocos e tijolos no país tem a ver com a não-necessidade de mão de obra especializada, relação custo-benefício e disponibilidade de materiais [a grande oferta resultando em preços mais competitivos em relação aos dos materiais alternativos], mas também com a “falta de iniciativa, de planejamento, cultura vernacular e tradição fincadas no sistema construtivo existente desde o Brasil colonial”.

Vale lembrar que, no contexto acadêmico da arquitetura e engenharia, o termo vernacular refere-se a processos construtivos mais “raiz”, nas palavras do arquiteto e também professor universitário Flávio Cesar Mirabelli Marchesoni, pois possuem uma forte influência da cultura local, apoiando-se em técnicas e no uso de materiais da região em que a obra está inserida. “São vistos como rústicos sob um olhar mais desavisado, mas na realidade são altamente sofisticados por serem o que melhor podem responder às condicionantes do clima, da disponibilidade de recursos e com enorme eficiência energética passiva (o que entendemos por resposta bioclimática)”, ensina Flávio.

Como o barro sempre foi abundante e de fácil extração em todo o mundo e mais ainda em um país continental como o Brasil, o tijolo de cerâmica passou a ser utilizado por aqui desde os primórdios da ocupação europeia, por volta do século 16 [leia mais em ‘Origem dos Tijolos’], o que confirma a “cultura vernacular e a tradição fincadas desde o Brasil colonial”.

Já a falta de iniciativa e planejamento para quebrar paradigmas sobre materiais alternativos são privilégios das últimas gerações mesmo, e seria reforçada pela desconfiança popular, na opinião do também engenheiro e professor universitário Ricardo Gomes. “É uma questão até bem engraçada. Tem pessoas que, quando vão comprar uma casa, uma das primeiras coisas que fazem é dar uns murros na parede para ver se é sólida. E quando você tem uma parede em gesso acartonado, você bate e sente que é oco, né? Mas isso não significa que não seja uma parede resistente. Esses materiais são muito testados contra impactos pela indústria antes de serem colocados como alternativas de vedação. Se você está decidido a abrir um buraco nelas, até vai conseguir, mas precisará bater muitas vezes com marreta, ou seja, será tão difícil de furar quanto uma parede de bloco cerâmico”, comenta.

De acordo com Ricardo, a resistência a materiais alternativos nem sempre sai barata. “A gente tem uma série de problemas no Brasil que vêm justamente dessa tradição, desse gosto mais arraigado por coisas mais artesanais e tudo o mais”, diz, citando como exemplo casos em que é utilizado fechamento de alvenaria para steel frame. “A alvenaria não é a melhor opção para estrutura de aço mais pesada. São materiais que trabalham de maneiras muito diferentes. Pegando só a questão da temperatura, esses materiais se dilatam de formas diferentes. Temos uma série de patologias de construção associadas a isso, como trincas e fissuras”, afirma. Segundo o engenheiro, já há um consenso em utilizar placas cimentícias do lado externo e, para o lado interno, placas de gesso acartonado ou OSB.

Processos construtivos
Para o arquiteto Flávio, entre as quatro formas existentes de se construir algo – entre as quais se inclui a vernacular, já citada –, a alvenaria convencional pertence à categoria mais ordinária ou comum, que ele considera não muito eficaz por muitas vezes envolver grandes desperdícios de material, de trabalho, resultando em baixa eficiência energética, sem muita consciência do que efetivamente se está fazendo. “É o caso clássico de se fazer toda uma parede de alvenaria e depois se rasgar ela toda para instalar tubulações e eletrodutos, deixando para traz remendos que exigirão argamassar tudo para esconder as cicatrizes”, exemplifica.

Segundo ele, a terceira forma é o processo racionalizado, que pode ter vários níveis: desde o mais óbvio, de se planejar algumas etapas para já receber as posteriores sem que haja um retrabalho, até o que já atinge o quarto nível, representado pelos processos industrializados. Neste, a racionalidade seria tão ampla que se passa a não mais construir no sentido clássico do termo, mas a “montar” a edificação usando componentes previamente prontos, bastando apenas uni-los no canteiro de obras. “É só procurar no youtube por ‘edifícios com a construção mais rápida do mundo’ para ver exemplos, como edificações de hotéis de 30 pavimentos que são construídos em 30 dias e entram em funcionamento. Dessa maneira, nos dois extremos, quer no processo construtivo vernacular, quer no industrializado, há grande desempenho”, afirma o arquiteto.

Definições sobre sistema construtivo
No âmbito da construção civil, o “sistema construtivo” de uma obra caracteriza-se por
um conjunto integrado de subsistemas: estrutural, de vedação, elétrico e hidráulico,
entre outros, que são projetados e executados de acordo com normas técnicas préestabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Tais normas estabelecem requisitos para os materiais, bem como para os procedimentos
de execução dos serviços de cada subsistema e, em especial, o atendimento aos
requisitos dos usuários do edifício quanto a seu comportamento em uso, isto é, seu
desempenho.

Esta reportagem aborda subsistemas de vedação — tecnicamente falando Sistema de
Vedação Vertical Interna e Externa (SVVIE), assim denominado na “ABNT NBR 15575-
4 Edificações habitacionais - Desempenho Parte 4: Sistemas de vedações verticais
internas e externas” —, definidas como partes da edificação habitacional que limitam
verticalmente a edificação e seus ambientes, como fachadas e as paredes ou divisórias
internas. Elas podem ser com ou sem função estrutural, comumente designadas como
alvenaria de vedação (convencional) e alvenaria estrutural, respectivamente.

O estrutural suporta cargas além do seu peso próprio, isto é, de laje, de pavimentos
superiores e/ou da cobertura. Como exemplos temos os sistemas construtivos citados
em alvenaria estrutural (armada ou não), o Wood Frame (estrutura de madeira) e o
Light Steel Frame (estrutura de aço leve).

Quanto ao subsistema de vedação, que suportam somente o próprio peso, ou seja,
servem só para vedar, separar e adequar ambientes, os sistemas construtivos podem
ser, entre outros, os citados em alvenaria de blocos e Drywall (gesso acartonado).

De uma maneira generalizada, tem-se três tipos de sistemas construtivos: o
tradicional, o racionalizado e o industrializado, que se diferenciam em relação
aos materiais, técnicas e tecnologia de execução, desempenho, prazos de execução,
custo, qualidade, uniformidade, entre outros aspectos.
FONTE: André Zanferdini, professor da faculdade de Engenharia Civil do Moura Lacerda

De acordo com Flávio, mundialmente, há hoje uma maneira genérica de se edificar que está mais intimamente vinculada à complexidade de industrialização dos componentes utilizados na construção que cada país tem do que baseada nas suas raízes culturais locais. “Países mais industrializados têm como tendência usar sistemas estruturais desvinculados dos seus fechamentos, constituídos muitas vezes com painéis, relegando a alvenaria a um segundo plano, pois esta exige um consumo de materiais maior, mão de obra maior, mais tempo de execução... cada vez mais incompatível com qualquer lugar desenvolvido no mundo”, diz, numa crítica implícita à alvenaria convencional.

Também na opinião do engenheiro André Zanferdini a construção civil brasileira poderia muito bem se beneficiar de sistemas alternativos numa escala maior que a de hoje, incluindo elementos pré-moldados e light steel frame “em tudo o que se referir à construção industrializada”. No que compete aos poderes constituídos, os governos poderiam, segundo ele, contratar projetos, na forma de concurso, que contemplem outros sistemas e materiais. “Quanto à iniciativa privada, a questão é determinada pelo projetista de arquitetura e/ou de engenharia, a quem cabe a definição dos sistemas e a especificação dos materiais, muito embora, em alguns casos, o mesmo terá de exercer seu poder de convencimento junto ao cliente ou proprietário. E em ambos os casos, qualquer iniciativa deve ser realizada por quem tenha o domínio tecnológico sobre esses sistemas e materiais alternativos”, conclui.

Mas Zanferdini alerta que, tendo em vista a existência de uma “interdependência entre alguns subsistemas da construção, a viabilidade técnica e econômica para a escolha de um sistema construtivo alternativo ou inovador torna-se complexa”. Por isso exige uma análise completa, considerando custo, estanqueidade, desempenho térmico, desempenho acústico, durabilidade, impacto ambiental, etc, e envolvendo todos os subsistemas da obra em referência. “Se não for assim, um sistema construtivo alternativo ou inovador pode proporcionar uma redução de custo em determinado subsistema e encarecer muito mais em outros. Por fim – e muito importante! – não se deve esquecer a análise da percepção dos moradores sobre o uso dos sistemas construtivos inovadores”, declara.

Parâmetros de escolha
Na prática, atualmente quatro critérios principais norteiam a escolha de qual sistema será usado numa obra, de acordo com Ricardo Gomes: custo, tempo de execução, função da obra e – mais recentemente – sustentabilidade.

O custo é afetado pela relação de oferta e procura dos materiais no mercado. Por exemplo, no Brasil, a preferência pela alvenaria torna a produção de blocos e tijolos de cerâmica economicamente atraente, levando muitas pessoas a investir no negócio. “Com muita oferta, os preços desses materiais ficam muito mais competitivos que os dos materiais mais alternativos com pouca procura no país”, pontua Ricardo.

O tempo é o de duração da obra, que pode afetar ou ser afetado pela escolha do sistema construtivo. Para exemplificar como o uso dos materiais para a vedação pode afetar o tempo de obra, Ricardo compara o de construção de uma casa padrão em alvenaria com cerca de 150 m², no Brasil de hoje, com a do famoso edifício de mais de 100 andares, Empire State Building (Nova York - EUA), em 1930, que utilizou estruturas de aço e placas cimentícias: pouco mais de um ano em ambos os casos.

E para ilustrar como o tempo pode influenciar o custo, o engenheiro cita a obra de um edifício de 57 andares, na China, cuja evolução foi filmada em time lapse e o vídeo postado na plataforma Youtube. Tudo o que foi utilizado de estrutura no edifício – estruturas metálicas, placas de vedação e até a laje seca – foi fabricado antes em uma indústria, já com as tubulações de ar-condicionado, esgoto, água e eletricidade embutidas com precisão milimétrica. No canteiro de obras, tudo foi encaixado, parafusado, soldado e rebitado. Feitas as ligações e dados os toques finais nos acabamentos, o edifício todo ficou pronto em apenas 19 dias.

Para Ricardo, o custo de fabricação das estruturas, vedações e outros materiais do edifício chinês pode ter ficado muito mais alto que o de um equivalente em alvenaria, que levaria muitas vezes esse tempo de duração, mas o custo da mão de obra, paga em horas de trabalho, deve ter resultado bem menor.

O engenheiro usa a mesma obra como exemplo de outro parâmetro citado como norteador das escolhas de sistemas construtivos: sustentabilidade. “Em um edifício no qual todas as estruturas chegam praticamente prontas para serem encaixadas eu não vou ter resíduos, porque a fábrica já terá feito tudo da maneira mais eficiente, desperdiçando o mínimo possível de material. O canteiro resulta limpo e organizado”, comenta.

A sustentabilidade, aliás, é o grande ponto a favor dos sistemas chamados “secos”, que eliminam a necessidade de misturas de cimento, areia e outros materiais com água nos canteiros de obras, caso dos wood e steel frames e dos blocos de gesso ligados com gesso-cola, por exemplo.

Por fim, o parâmetro “função” (define se a obra servirá para abrigar residência, alguma atividade, comercial, industrial ou de prestação de serviços, entre outras) pode influenciar a escolha do sistema por diferentes motivos. Por exemplo, se uma pessoa física não reúne condições financeiras de comprar todo o material da obra no mínimo tempo requerido, pode fazê-lo aos poucos, conforme o avanço da obra em alvenaria, que deverá seguir lenta. Já se uma pessoa jurídica tem pressa em erguer o edifício que abrigará sua atividade econômica, pode preferir o combo estrutura/vedações pré-moldadas. No Brasil, por motivos já elencados, esses sistemas podem sair mais caros que os de um edifício equivalente em alvenaria, mesmo considerando gastos menores com tempo de mão de obra, mas em outros países isso não acontece.

Escolhas pelo mundo
Ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos os subsistemas de construção a prevalecerem nas unidades menor do que no caso de casas construídas com paredes mais leves e flexíveis?”, provoca Ricardo.

Sobre a origem dos tijolos
Observar a modificação de consistência do barro, que endurecia sob altas temperaturas,
levou à descoberta da cerâmica pelas antigas civilizações. Inicialmente, as cidades
foram construídas com tijolos de argila crua secos ao sol e, posteriormente,
queimados em fornos, o que transformava a terra crua em material cerâmico.

Os vestígios mais antigos da utilização de cerâmica em abrigos humanos datam de
7500 a.C, no Oriente Médio. A História conta que o tijolo de cerâmica é utilizado
desde 4.000 a.C. Por séculos as civilizações utilizaram o material para erguer
edifícios resistentes à temperatura e à umidade.

Depois que a Revolução Industrial trouxe a produção de blocos cerâmicos em grande
escala, o uso dos tijolos passou a ser aplicado na Europa e em todo o mundo. No
Brasil, é utilizado desde os primórdios de sua ocupação europeia, por volta do século
16, tendo sido Salvador e Recife as principais cidades a utilizarem o material.

Entretanto, o material cerâmico tornou-se essencial no país a partir de 1850,
revelando-se como elemento principal no sistema construtivo brasileiro, especialmente
nas últimas décadas do século 19 e no início do século 20. Naquele período, porém,
dividiu as funções estruturais com a pedra, fato notável em diversas construções
remanescentes no país.
Até hoje a cerâmica é um dos materiais mais usados na construção civil mundo afora.
FONTE: https://princesa.ind.br/tijolos-de-ceramica-tradicao-e-historia-na-construcao-civil/

Por isso é que, segundo ele, é comum se encontrar esse tipo de vedação em outros países sujeitos a abalos sísmicos, como o Japão, que tem também uma frequência grande de terremotos, como até o Chile, em plena América do Sul. “No Japão eles têm um apelo muito forte para as construções que utilizam wood frame, mas com técnicas diversas das dos Estados Unidos. Então pode ser uma estrutura de madeira com fechamentos bem diferentes, como películas que são quase um papel transparente, que às vezes vemos em filmes”, comenta o engenheiro.

Na China e por todo o continente asiático não prevalece, como no Brasil, preferência por um ou outro sistema, de acordo com Ricardo. Aliás, em nenhum outro país do mundo, ao menos não na proporção da que ocorre no Brasil na preferência pela alvenaria convencional. “Hoje em dia não se pode dizer que em um continente está sendo mais utilizado um ou outro sistema construtivo, principalmente quando se trata de Europa, porque existe uma diversidade de países com uma gama absurda de sistemas diferentes. Em termos de mundo, a gente tem até casas sendo impressas em impressoras 3D”, afirma.

Ainda falando em Europa, um continente repleto de patrimônios turísticos e culturais seculares, Ricardo lembra que em determinadas regiões, até por questões de preservação, seria um contrassenso usar wood e steel frames. Nesses casos, normalmente os sistemas construtivos seguem a tradição vernacular.

Glossário
EPS (Expanded PolyStyrene): sigla internacional do Poliestireno Expandido, polímero [veja matéria a respeito nesta edição] mais conhecido no Brasil pela marca “Isopor”;

Wood frame: ‘travessas de madeira’ em tradução livre, denomina sistema de construção constituído por perfis de madeira que, em conjunto com placas de diferentes materiais, formam paineis estruturais capazes de resistir às cargas verticais (telhados e pavimentos) e perpendiculares (ventos);

Steel Frame: ‘travessas de aço’, em inglês, denomina sistema construtivo a seco feito com perfis de aço galvanizado. Seu fechamento é realizado com placas de diversos materiais, dispensando o uso de tijolos, cimento e concreto;

Light steel frame: steel frame com liga metálica mais leve;

Drywall: em inglês ‘parede seca’, denomina placas de gesso acartonado, que costumam revestir estruturas de wood, steel ou light steel frames.

OSB (Oriented Strand Board): o significado da sigla, em inglês, é ‘painel de tiras de madeira orientada’, em tradução livre. O composto de raspas e tiras de madeira de reflorestamento organizadas na mesma direção e ligadas com resina resulta em placas resistentes, estáveis e versáteis para uso na construção civil;

Espuma expansiva de poliuretano (PU): material selante e adesivo que preenche espaços e possui ótima aderência em madeiras, alvenarias, metais, plásticos, sendo especialmente indicado para fixação de batentes, portas, janelas, entre outras superfícies, mas também pode ser usada como preenchimento de vedações em construções que demandam grande isolamento térmico e/ou acústico.

Os tamanhos dos carros do Império Romano influenciam até hoje os meios de transporte do mundo

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Quando, na Antiguidade, o homem criou a roda, abriu a porta para inovações que têm a engenharia como protagonista. Das bigas romanas, primeiros veículos de guerra, aos modernos foguetes que viajam para o espaço, muita coisa mudou, menos a largura dos trilhos – a bitola.

As bigas eram carroças com duas rodas movidas por dois cavalos e a distância entre os eixos das suas rodas levava em consideração a largura das ancas dos animais: 4 pés, 8,5 polegadas ou 1,435 metros, a mesma medida conhecida como Bitola standard, utilizada até hoje nos sistemas de ferrovias da Europa e Estados Unidos.

Celso Frateschi, docente do curso Engenharia Mecatrônica e Produção Mecatrônica da UNIP de Ribeirão Preto, explica que tanto cavalos quanto bois eram usados aos pares. “O que resultou na largura das carruagens, carroças, e na distância entre as rodas. Assim também os primeiros bondes possuíam tração animal e a mesma medida”, destaca.

As bigas foram os primeiros carros de guerra da humanindade. Surgiram em 2000 a.C, mas tornaram-se notórias por volta de 1300 a.C., na Batalha de Kadesh, entre o Egito e o Império Hitita.

Para o engenheiro Paulo Celso Greco Junior, professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, os projetistas dos motores do ônibus espacial precisaram considerar o tamanho que poderia ser transportado por um trem, já que a largura máxima que a carga pode ter é limitada pela largura dos túneis, pontes e outras características das ferrovias.

Paulo destaca que a largura dos automóveis modernos também não difere da largura das carruagens medievais. “A justificativa pode estar na manobrabilidade e no padrão de largura das ruas, já que existem ruas na Europa que são do período medieval”, observa.

Tamanhos
A Bitola standard, mesmo sendo adotada pelos sistemas mais avançados em ferrovias da Europa e Estados Unidos, não é a única medida de distância entre trilhos.

Segundo o engenheiro Jean Carlos Pejo, secretário Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos, as construções do passado (que não tinham padrões normalizados e atendiam interesses regionais) e a segregação da entrada de trens que carregavam suprimentos para defesa em guerras são algumas justificativas para as diferenças das medidas. “Ao exportar seu know-how a países importadores, os detentores da tecnologia na construção de ferrovias e trens espalharam pelo mundo diferentes bitolas”, explica.

Para ele, o ideal seria que houvesse um sistema de bitolas unificadas. Porém, a variedade de tamanho não traz tantos transtornos, já que existem diferentes procedimentos operacionais, técnicos e tecnológicos para minimizar a diferença.

Além de Estados Unidos e Europa, a Bitola standard também é adotada na China, Canadá, México e em todos os sistemas de trens de alta velocidade no mundo, o que a torna também a mais utilizada do planeta.

“No Japão, um dos países de forte domínio de tecnologia ferroviária, só tem unificado em bitola de 1,435mm os sistemas de Alta Velocidade Shinkansem. Nas outras ferrovias a medida é da classe de bitola métrica”, observa Jean.

A Bitola métrica, também bastante utilizada, engloba bitolas entre 914mm e 1,067mm, incluindo a de 1,00m (largamente usada no Brasil) e é encontrada em ferrovias de grande parte da Ásia, África, América do Sul, América Central e Oceania. Já a Bitola ibérica, de 1,668 mm, é utilizada em Portugal, Espanha e alguns países da América do Sul.

No Brasil, a partir dos anos de 1980, a bitola foi padronizada em 1.600mm. A maioria das ferrovias brasileiras utiliza essa medida. Uma das exceções é a Ferroeste, no Paraná, construída sobre bitola de 1,000mm, e sistemas metroviários que foram construídos na Bitola standard (1,435mm)

“A malha brasileira tem em sua maior extensão a bitola de 1,000mm, seguida pela de 1,600mm. Existem ferrovias de baixa capacidade operacional ou sem uso e em extensões pequenas no norte do país e novas linhas de metrô que têm sua construção na bitola de 1,435mm”, explica Jean.

Não há, segundo ele, medida ideal. Fatores comerciais, técnicos e históricos influenciam na escolha. “Deve ser levada em consideração a interoperabilidade (capacidade de um sistema se comunicar com outro sistema), o tipo de serviço a ser prestado, a capacidade instalada de terminais e muitas outras variáveis”, argumenta.

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