Projeto integra Programa Ribeirão -3°C, que visa a tornar a área urbana 30% verde até 2030, com vistas à queda média de 3 graus Celsius na temperatura da cidade

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2022 foi um ano de revoluções no Centro de Educação Infantil (CEI) Vítor Youssef Darkoubi, localizada no bairro Planalto Verde, zona Norte de Ribeirão Preto. A primeira delas foi física, com a implantação de um “bosque” intramuros, com direito a apiário, galinheiro, horta, árvores frutíferas, campinho de futebol gramado e um playground com brinquedos construídos só de materiais recicláveis.

Essa revolução foi possível graças ao projeto Verdejamento, em que a Prefeitura de Ribeirão Preto destinou R$ 5,4 milhões para 118 escolas públicas municipais – R$ 50 mil para cada uma – para a execução de projetos de ampliação da cobertura vegetal em seus espaços físicos. O objetivo principal do projeto, que é uma ramificação do Programa Ribeirão –3°C [leia mais a respeito em ‘Agenda 2030’], é propiciar abrigo e alimentação para a fauna silvestre, tornando o ambiente escolar mais acolhedor e educando crianças e jovens para a preservação da natureza.

A segunda revolução foi consequência da primeira, responsável por levar as 130 crianças na faixa etária entre os 6 meses e os 3 anos e 11 meses de idade atendidas na escola a passarem mais tempo ao ar livre do que em salas de aula. De acordo com a diretora do CEI, Sônia Eurípedes da Costa Castro, essa mudança fez bem tanto aos alunos quanto aos professores. “Porque quando a criança está confinada em um espaço fechado, o educador precisa, de 20 em 20 minutos, criar situações lúdicas que a façam aprender, se movimentar e não ficar triste por se sentir confinada. A liberdade do espaço aberto, por si só, já faz isso. Então a gente consegue ficar 50 minutos ou até mais com as crianças explorando a natureza”, explica a diretora.

É que, segundo Sônia, no “bosque” da Vítor Darkoubi ocorrem piqueniques, leitura de livros, jogos de bola e, enquanto uma criança desce pelo escorregador, a outra se diverte no balanço; uma observa a dinâmica do galinheiro, outra o trabalho da abelha no apiário. “Mesmo sem ter consciência, a criança pequena vai ‘criando’ na natureza, o que traz serenidade. O resultado é que elas gritam menos e ficam menos ansiosas e agressivas”, observa.

PERTENCIMENTO
Também na Escola Municipal de Educação Fundamental Dr. Júlio César Voltarelli, localizada no Parque dos Servidores, zona Leste de Ribeirão, a diretora Adriana Lúcia Capranica Vicentini se surpreende com o efeito do Verdejamento sobre os cerca de 700 alunos na faixa etária dos 4 aos 10 anos de idade – é a única da rede a atender tanto o segmento infantil (4 e 5 anos) quanto o fundamental 1 (de 6 a 10 anos, que frequentam do 1º ao 5º ano).

“As crianças estão alucinadas. O verde não só embeleza como traz um gostar de estar ali e desperta uma preocupação de cuidado com o lugar, uma sensação de pertencimento”, traduz Adriana.

O Verdejamento na escola incluiu a implantação de gramados, que acabou resolvendo um problema de fluxo de água nas calhas da escola (antes sempre entupiam com a terra varrida através delas pelas chuvas); plantio de um canteiro de lírios da paz e poda das palmeiras já existentes na entrada dos alunos; plantio de folhagens de ambos os lados da rampa de acesso ao auditório; substituição de uma calçada dos fundos da quadra de esportes por gramado e seis lofânteras (planta típica do Cerrado que dá em cachos amarelos); criação de uma horta e, com o objetivo de trabalhar a questão da sustentabilidade, está sendo instalado um sistema de irrigação em todos os gramados e jardins, para evitar desperdício de água. Segundo a diretora, a próxima intervenção será feita na calçada em frente à Emef, com plantio de árvores nativas.

Depoimentos como o dela e o da diretora Sônia soam como “música aos ouvidos” da engenheira sanitária e ambiental Mayra Mucha, integrante do Ribeirão –3°C, já que o sucesso do programa é medido pela observação de dois indicadores: quanto tempo pedagógico a mais a criança passa ao ar livre; e qual foi o índice de redução da violência escolar com a naturalização e qualificação dos pátios escolares. “Provam que o programa pauta, com expertise, um caminho sustentável para Ribeirão Preto”, diz Mayra.

Segundo ela, o programa nunca foi tão discutido, acolhido e posto em prática como agora, em Ribeirão, “muito em razão das ousadas metas estabelecidas pela Agenda 2030, mas também pela enorme crise ambiental e sanitária que os ribeirão-pretanos sofreram com a Covid-19”, declara.

AGENDA 2030
Criar e executar um plano replicável para espaços verdes nas escolas integra a solução 12 do Programa Ribeirão –3°C, criado por um grupo de especialistas em áreas verdes motivados pela Agenda 2030 – plano de ação global firmado por 193 países membros da ONU com o objetivo de erradicar a pobreza e promover vida digna para todos no mundo, por meio do cumprimento de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O programa objetiva tornar a área urbana de Ribeirão Preto 30% verde até o ano de 2030, o que deverá contribuir para a queda média de 3 graus Celsius na temperatura da cidade, atendendo ao ODS 13: “Combate às Alterações Climáticas”.

Para atingir o objetivo, o Ribeirão –3°C propõe a união de organizações não governamentais (ONGs), empresas, comunidade acadêmica, poder público e sociedade civil para aplicação de várias soluções ambientais na cidade.

Representando o poder público municipal, a Prefeitura de Ribeirão Preto assumiu oficialmente, em 21 de setembro (Dia da Árvore) de 2021, o compromisso de verdejar as escolas. Em outubro do mesmo ano, já liberou R$ 2 milhões para 40 unidades iniciarem o projeto, e em janeiro de 2022 mais R$ 3,4 milhões para outras 68.

As verbas foram repassadas na forma de subvenção às Associações de Pais e Mestres (APMs), que participaram de todas as tomadas de decisões quanto à escolha e execução dos projetos que melhor atendessem aos objetivos do programa. À direção de cada escola coube a coordenação de todo o processo in loco, desde a encomenda de orçamentos e escolha do melhor projeto, até a execução das obras, sempre sob supervisão das Secretarias de Educação e de Meio Ambiente.

Segundo ela, a arquiteta responsável pelo projeto escolhido trabalhou junto com biólogos e um engenheiro agrônomo para levantar com quais plantas seria feito o Verdejamento da unidade. “Porque não é qualquer planta que se deve plantar. Só pode espécies que fazem parte do bioma de Mata Atlântica e Cerrado [vegetações nativas]. Então ela entregou um memorial com tudo sobre a escola e as intervenções propostas muito bem detalhadas”, conta a diretora. No CEI Vítor Youssef Darkoubi, a diretora Sônia Eurípedes da Costa conta que o projeto escolhido, entre três orçados, voltou várias vezes antes de ser aprovado pelas secretarias envolvidas, para garantir que as intervenções propostas se adequassem a uma proposta pedagógica (forma de ensinar). “Porque o fundamento do Verdejamento é pedagógico. Não basta simplesmente plantar árvores e grama. Tem que unir uma proposta de ensino àquela vivência na natureza. Então eu tive que pensar junto com a projetista como que nós íamos aliar as duas coisas”, conta.

COMUNIDADE ACADÊMICA
E para garantir que as propostas pedagógicas fossem aliadas do Verdejamento, o Programa Ribeirão -3°C firmou parceria com o Escritório de Sustentabilidade da FEA-RP (Faculdade de Economia e Administração da USP Ribeirão Preto) para capacitar professores da rede municipal a desenvolverem material didático sobre questões climáticas, de modo a promover entre os alunos conhecimento científico sobre o tema.

A capacitação ocorreu dentro do projeto “Letramento Climático para Educadores da Rede de Ensino Municipal”, contemplado com verba do Edital Climate-U, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

Verdejamento para a comunidade
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Dercy Celia Seixas Ferrari, localizada no bairro Jardim Juliana, zona Leste de Ribeirão, as obras do Verdejamento estão apenas começando. Entre as intervenções já realizadas estão substituição e plantio de árvores, que mudaram o visual da fachada; instalação de uma composteira para transformar lixo orgânico em adubo; e reforço do trabalho de captação de água das chuvas, que já existia dentro do projeto de sustentabilidade desenvolvido na escola. A que mais tem conquistado a dedicação de alunos e professores é a horta, onde alunos e professores começaram recentemente a fabricar as próprias mudas (no início eram compradas de outros viveiros) e cuja produção de hortaliças está sendo destinada a famílias carentes da comunidade.

A maior obra de Verdejamento na escola, porém, ainda vai ser iniciada e seus benefícios vão se estender para além dos alunos de 6 a 14 anos que frequentam as 1ª à 9ª séries no estabelecimento. É que a Prefeitura autorizou a incorporação à escola de um terreno ocioso do município localizado no mesmo quarteirão. Usado até então como lixão improvisado por moradores das vizinhanças, agora ele será transformado em campo de futebol e pista de atletismo a serem usados pelos alunos e também por toda a comunidade do entorno.

De acordo com a diretora da Emef, Eliana Silva de Oliveira, já é uma tradição as dependências da escola – principalmente a quadra de esportes – serem usadas pela comunidade fora dos horários de aulas. Durante a semana, por exemplo, a partir das 18h30, a quadra é usada para aulas de Muai Thai. Nas manhãs dos sábados, é destinada às atividades de uma Escolinha de Futebol para crianças, e nas tardes dos sábados e domingos, à prática de esportes por adultos dos bairros vizinhos. Em troca, quando o quarteirão da escola está muito sujo, Eliana conta com a ajuda dos vizinhos na limpeza.

Além de suprir uma deficiência de aparelhamento de lazer numa região assolada por problemas urbanos complexos, a abertura para a comunidade faz da escola uma “ilha de tranquilidade”, nas palavras da diretora. “Não existe furto e nem depredação na escola. O tráfico está ao redor, mas não entra aqui dentro. Você não destrói o que considera seu”, conclui Eliana.

LINK da ONU BRASIL: https://brasil.un.org/pt-br/91863-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustentavel

EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA – EXTRATO

O Presidente do Conselho Deliberativo da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto - AEAARP, conforme reza os artigos 37 e 55 do Estatuto da Associação aprovado e registrado em cartório em maio de 2018 convoca seus associados fundadores e titulares que reúnam as condições previstas em seus artigos 9º e 10º, inciso I e 52 parágrafo único, a participarem da ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA, com o fim de votarem as Contas do Exercício 2022, nos termos abaixo especificados:

Data da Assembleia: dia 13 de março de 2023 – Primeira Convocação às 18h30; e Segunda Convocação às 19h.

Quórum de Instalação: ¼(quarta) parte dos associados em 1ª convocação; e qualquer número de associados em 2ª convocação.

Pauta: Aprovação de Contas, Relatórios de Diretoria e os Pareceres do Conselho Deliberativo / Fiscal relativos ao Exercício 2022.

Local: Sede da AEAARP - Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, sita na Rua João Penteado nº 2.237.

Obs. Na forma dos artigos supracitados estas contas estão à disposição dos associados na sede da AEAARP.

Ribeirão Preto, 2 de março de 2023

Engenheiro Civil Jose Aníbal Laguna

Presidente do Conselho Deliberativo da AEAARP

O Presidente do Conselho Deliberativo da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto - AEAARP, conforme reza os artigos 37 e 55 do Estatuto da Associação aprovado e registrado em cartório em maio de 2018 convoca seus associados fundadores e titulares que reúnam as condições previstas nos artigos 9º e 10º, inciso I e 52 parágrafo único, a participarem da ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA, para fins de deliberarem acerca do processo eleitoral e de elegerem os membros da Diretoria Executiva e 1/3 do Conselho Deliberativo da AEAARP, nos termos abaixo especificados:

Data da Assembleia: dia 27 de março de 2023 – Primeira Convocação às 8h; e Segunda Convocação às 8h30.

Quórum de Instalação: ¼(quarta) parte dos associados em 1ª convocação; e qualquer número de associados em 2ª convocação.

Pauta: Homologação das chapas inscritas, designação da mesa receptora de votos e da junta de apuração das eleições, autorização para a realização das eleições para os cargos da Diretoria Executiva e 1/3 do Conselho Deliberativo da AEAARP.

Prazo Máximo de Registro de Chapas: Às 17h (dezessete horas) do dia 20 de março de 2023.

Data da Coleta de Votos dos Associados: dia 27 de março de 2023, das 8h às 20h.

Local: Sede da AEAARP - Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, sita na Rua João Penteado nº 2.237.

Obs. O edital de convocação encontra-se também afixado na sede da AEAARP e na página da Web, sendo que os associados que desejarem cópia do mesmo deverão dirigir-se à entidade e requisitá-la.

Ribeirão Preto, 24 de fevereiro de 2023

Engenheiro Civil Jose Aníbal Laguna

Presidente do Conselho Deliberativo da AEAARP

Cultivo é feito predominantemente por pequenos produtores; cultura não necessita de grandes áreas e possui boa rentabilidade

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Doces ou picantes, as pimentas são ingredientes indispensáveis na culinária, sendo o condimento picante mais consumido no mundo. Estima-se que 2/3 da população mundial saboreie o alimento com frequência. “Poucas espécies vegetais têm uso tão universal quanto as pimentas, que passaram a ser consumidas por povos de todos os continentes e hoje dominam o mercado mundial de especiarias picantes”, comenta Cláudia Silva da Costa Ribeiro, pesquisadora da Embrapa Hortaliças na área de Melhoramento Genético de Plantas.

Nos últimos anos, o interesse pela pimenta tem aumentado pela sua versatilidade culinária e industrial e também pelos benefícios à saúde, já que o mesmo princípio que causa a ardência das pimentas – a capsaicina – é um poderoso antioxidante e anti-inflamatório. “Auxilia na digestão, no alívio das dores em geral, congestão nasal e coceiras, além de prevenir células cancerígenas, aumentar a libido e até auxiliar na perda de peso porque aumenta o metabolismo”, explica a engenheira agrônoma Sally Ferreira Blat, pesquisadora científica do Instituto Agronômico (IAC).

Cultivada em todas as regiões do Brasil, a pimenta é plantada tradicionalmente por pequenos produtores e em propriedades familiares. “A cultura se ajusta perfeitamente aos modelos de agricultura familiar e de integração pequeno agricultor-agroindústria, trazendo bom retorno financeiro, mesmo quando plantada em pequenas áreas”, destaca Cláudia, da Embrapa Hortaliças. De acordo com ela, a cultura permite a fixação de pequenos produtores rurais e suas famílias no campo, a contratação sazonal de mão-de-obra durante o período de colheita, o estabelecimento de novas indústrias processadoras e, consequentemente, a geração de novos empregos.

Marco Andrade é produtor de pimenta há 15 anos. Ele e a esposa Karina Luiz cultivam 50 mil pés de Dedo-de-moça em uma área de seis hectares em Santo Antônio da Alegria-SP. “Sou um apaixonado por pimenta”, diz.

No início, o plantio era apenas para atender demanda para a produção caseira de molhos consumidos pela família. Com o passar do tempo, a plantação cresceu e hoje a propriedade produz duas toneladas de pimenta por semana.

A produção contínua é uma das vantagens da cultura, aponta o produtor. Segundo ele, o segredo de colher pimenta o ano todo está na irrigação, que é feita por gotejamento utilizando a fertirrigação, técnica de adubação que usa a água para levar nutrientes ao solo. “Sendo irrigada, temos pimenta em todos os meses do ano, o que resulta em maior rentabilidade”, explica. Já a desvantagem da cultura é que plantio e a colheita são feitos manualmente, o que a torna um pouco mais cara.

O próximo passo é investir no cultivo de pimentas nucleares – com mais ardência e maior valor de mercado - e expandir a produção para mais 50 mil pés. A família também iniciou a fabricação e comercialização de molhos e geleias de pimenta. Atualmente a produção mensal é de 6 mil vidros.

Existem diversos tipos ou grupos varietais de pimentas. Eles pertencem às espécies botânicas Capsicum annuum, C. baccatum, C. chinense e C. frutescens. No Brasil, a maior diversidade de tipos tem origem na espécie C. chinense, considerada a mais brasileira das pimentas cultivadas.

Pimenta em vaso
O aumento da procura por novas variedades e sabores de pimenta fez com que o engenheiro agrônomo Pedro Fernandes Leça, produtor de mudas em Ribeirão Preto há 21 anos, apostasse na produção de mudas de pimenta em vaso. A maior parte da produção é para o consumo urbano e uma porcentagem é vendida para produtores da região.

Mensalmente são comercializados 2.500 vasos. A produção é variada, são cerca de 20 espécies, desde as mais procuradas, como a Dedo-de-moça, Malagueta, Cumari, De Cheiro e Bode, às chamadas exóticas, que incluem as nucleares, com nível de ardência elevado, e as importadas, como a Habanero e Jalapeño. “A minha oportunidade de trabalho é com vasos de pimenta para uso doméstico. Hoje as pessoas buscam por produtos frescos. O mercado existe e está crescendo cada vez mais”, explica Pedro. Segundo ele, a espécie mais consumida é a Dedo-de-moça e, para atender à demanda, ele produz cerca de 10 mil mudas por mês.

O cultivo das mudas é realizado em bandejas colocadas em estufas. A planta recebe irrigação e adubação própria, com o uso de substrato. A prevenção de pragas e doenças é feita com a pulverização de defensivos.

Com diversos tamanhos, formatos, cores, pungência, aroma e sabor, as principais pimentas cultivadas no país são: Dedo-de- -moça, Malagueta, Cumari verdadeira ou Pimenta-de-passarinho, Cambuci, Cumari-do-Pará ou Cumari amarela, Pimenta-de-cheiro, Bode, Murupi, Jalapeño e Habanero, entre outras. “Há muita confusão com os nomes, em função, principalmente, da semelhança de formato de fruto entre os tipos, ou ainda nomenclaturas regionais diferentes para um mesmo tipo ou grupo de pimenta”, ressalta Cláudia, da Embrapa Hortaliça.

A pimenteira é uma planta perene, de cultivo anual (12 meses) e que requer altas temperaturas para se desenvolver (entre de 25ºC a 35ºC). “As épocas de plantio dependem de cada região. Geralmente, só se elimina o plantio no período de inverno. No estado de São Paulo os meses mais comuns são dezembro e janeiro, mas a pimenta pode ser plantada praticamente o ano todo”, explica a engenheira agrônoma Sally, do IAC.

O período da colheita também varia com a cultivar, espécie e região. De modo geral, as colheitas têm início por volta dos 95 dias e prolongam-se por vários meses. “Os pontos de colheita dependem de cada cultivar, algumas verdes e outras maduras, vermelhas ou amarelas em geral”, informa Sally.

Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Sergipe, Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul são os principais estados produtores. No estado de São Paulo, a pimenta é cultivada, principalmente, nos munícipios de Salto, Piedade, Indaiatuba e Mogi Mirim. “As mais comuns no estado são a Dedo-de-moça, Cumari e Biquinho, mas também encontramos produtores de pimenta Jalapeño e muitos produtores estão inovando no cultivo de pimentas mexicanas e peruanas”, explica Sally.

Segundo ela, na região de Ribeirão Preto há o cultivo das pimentas tradicionais, como a Malagueta, Cumari, Bode, Dedo-de-moça, mas também existe um mercado pontual de pimentas exóticas que são as de maior pungência (ardência) como a Bhut jolokia, Carolina Reaper, Trinidad Moruga Scorpion, entre outras.

Para Claudia, pesquisadora da Embrapa Hortaliça, o principal desafio da cultura é a dificuldade de encontrar no mercado cultivares de diferentes tipos de pimentas com alta uniformidade e com boas características agronômicas (como resistência a doenças) e industriais. “Variedades de pimentas mais uniformes, produtivas e resistentes às doenças resultariam em uma remuneração maior para o produtor”.

Dentre os fatores limitantes do cultivo no Brasil, a pesquisadora destaca as doenças causadas por bactérias, fungos, vírus e nematoides e a escassez de mão-de-obra para a colheita de pimentas em plantios maiores, assim como a expressiva fatia que essa atividade representa no custo total de produção.

Consumo
As pimentas, além de consumidas frescas, podem ser processadas e utilizadas em diversas linhas de produtos na indústria de alimentos. A produção atende a indústrias de molhos de pimentas de pequeno e médio portes, além de indústrias de conservas de pimentas, normalmente de pequeno porte ou artesanais.

Segundo dados da Embrapa Hortaliças, a crescente demanda do mercado, estimado em R$ 80 milhões ao ano, tem impulsionado o aumento da área cultivada e o estabelecimento de agroindústrias. “Embora o consumo de frutos frescos de pimentas tenha aumentado nos últimos anos, as pimentas são consumidas no Brasil principalmente na forma de molhos e conservas”, destaca Cláudia.

Os estados da região Sul são os que menos consumem pimentas in natura, havendo uma preferência pelas formas processadas, como molhos, conservas e pimentas desidratadas. Na região Sudeste, consome-se principalmente a pimenta doce do tipo americana, pimenta Cambuci, Malagueta e Cumari vermelha. Na região Nordeste, predominam as pimentas Malagueta e De Cheiro. Na região Norte, as pimentas mais apreciadas são a Murupi, Cumari do Pará e a De Cheiro; na região Centro-Oeste, tradicionalmente são cultivadas e consumidas as pimentas Bode, Malagueta, Cumari do Pará, Dedo-de-moça e a pimenta de Cheiro.

A pimenta também é matéria-prima para condimento e corante que realça o sabor e agrega cor em produtos alimentícios. “A páprica, por exemplo, é utilizada como corante natural em diversos produtos industrializados, como molhos, maioneses, sopas de preparo instantâneo, biscoitos, produtos à base de carnes (salsichas, linguiças, salames) e queijos”, diz Cláudia. Além desse mercado, novos nichos de produtos gourmets (geleias, chocolates etc.) e de produtos orgânicos (frescos ou processados) surgem para atender principalmente ao crescente número de consumidores jovens (25-35 anos), interessados por sabores exóticos e alimentos saudáveis.

“A visão de que a pimenta é um tempero popular está sendo mudada aos poucos, pois são muitas as opções de usos na culinária, associadas aos inúmeros tipos disponíveis no mercado. O resgate e uma nova leitura da culinária tradicional e regional brasileira por grandes chefs de cozinha estão ajudando a mudar este panorama e as pimentas Capsicum estão ganhando um lugar de destaque na gastronomia brasileira”, ressalta Cláudia.

O país chamou a atenção do mundo ao erguer um hospital em dez dias e acendeu uma questão para o setor da construção civil no Brasil: por que não fazemos igual?

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O hospital Huoshenshan foi construído em 34 mil m2 (o equivalente a quase cinco estádios de futebol), com dois pavimentos, mil leitos, trinta unidades de terapia intensiva e dez salas de isolamento, distribuídas em 25 mil m2 de construção.

A obra começou em 23 de janeiro e foi entregue no dia 2 de fevereiro. 100 tratores e quatro mil trabalhadores ocuparam o local em três turnos, durante 24 horas por dia. Foram utilizadas estruturas metálicas pré-fabricadas unidas por parafusos, seguindo o exemplo do Hospital Xiaotangshan, em Pequim, construído em duas semanas, durante a epidemia de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), em 2003.

A fábrica chinesa de concreto que fez as fundações da estação brasileira na Antártica constrói prédios de 20 andares em três meses. Esse é um dos exemplos da tecnologia construtiva da China, que chamou a atenção do mundo em janeiro de 2020 quando o hospital de Wuhan foi construído em dez dias - prazo impensável para a maioria dos países do mundo – como parte da estratégia de combate ao novo coronavírus, causador da Covid-19, doença que afetou todos os continentes do mundo. A cidade chinesa, com 11 milhões de habitantes, é considerada o epicentro da pandemia.

Logo após a inauguração, o país anunciou a abertura de um segundo hospital na cidade de Wuhan, o Leishenshan, construído também em 10 dias, com 1,6 mil leitos, enfermaria de isolamento, área de exames e acomodações para médicos.

Para o engenheiro civil Roberto Maestrello, pós-graduado em engenharia de estruturas e diretor da empresa RTS Engenharia, a agilidade e eficiência das construções chinesas se dá pelo uso de estruturas pré-fabricadas, antecedidas por longo estudo e planejamento.

Roberto explica que os módulos, geralmente metálicos, são produzidos em fábricas, com precisão e em série, depois transportados e içados na obra, através de equipamentos de elevação e transporte, seguindo cronogramas rígidos e organogramas exaustivamente treinados e repassados ao pessoal de obra. “A construção acaba sendo uma grande montagem em série, como acontece em uma linha de montagem de automóveis, de eletrodomésticos, etc.”.

O engenheiro argumenta que o feito chinês foi possível devido ao investimento em inovação e pesquisa em avançado sistema de pré-fabricação, que utiliza mão de obra especializada, maquinário de ponta e reduz o consumo de energia e poluição ambiental.

“A industrialização de estruturas metálicas, onde quase que a totalidade do tempo de produção ocorre nas fábricas, com ambiente controlado e precisão milimétrica, juntamente com o içamento e montagem das peças no canteiro de obras, otimiza a construção de maneira geral”, afirma.

A arquiteta Mariluz Gomez Esteves, especialista em arquitetura do sistema de saúde e diretora executiva da Pró-Saúde - Arquitetura, Planejamento e Consultoria, explica que na China os arquitetos/projetistas escolhem os itens que vão utilizar e projetam a partir desta disponibilidade. “Isto ocorre inclusive com os banheiros, que chegam prontos nas obras e são instalados no local”, explica.

O país é um dos líderes mundiais em fábricas inteligentes, onde tecnologias são utilizadas para aumentar a eficiência da produção. A indústria 4.0, caracterizada pela aplicação intensiva de tecnologias da comunicação e da informação na indústria, complementa o setor de construção e agiliza o processo em obras emergenciais, como os hospitais construídos em Wuhan.

O engenheiro ambiental e de segurança do trabalho Nicolau Gentil Iucif trabalhou na montagem da estação brasileira na Antártica e acompanhou de perto a fabricação das estruturas pré-fabricadas na China. “Os pilares de lajes, paredes e portas, todos são pré-moldados, feitos em uma indústria de concreto e transportados e montados no local da obra. Isso facilita e agiliza muito a construção. É uma característica impressionante dos chineses”, diz.

Soma-se ao sistema de construção modular, a questão de os trabalhadores ganharem por empreitada, acrescenta Nicolau. “Se o trabalhador concluir em um ou em três dias o valor será o mesmo, o que traz mais produtividade para o sistema construtivo chinês”.

João Paulo Torres, engenheiro eletricista, com mestrado em inovação na construção civil e diretor da Sálix Engenharia, enumera outros fatores que também podem ter contribuído para a entrega do hospital em curto tempo. Dentre eles: a grande quantidade de equipamentos, como guindastes e escavadeiras; a fabricação local de todos os insumos necessários para a construção da edificação, sem necessidade de importação de materiais e/ou equipamentos; a disponibilidade, no estoque, de fabricantes de equipamentos de climatização, centrais de gases medicinais e equipamentos de backup de energia compatíveis.

O local da construção, com terreno favorável e pouco desnível, o solo previamente analisado com facilidade para fundação rasa e disponibilidade de área de canteiro para logística e armazenagem, além da padronização dos ambientes com baixa complexidade de construção, sendo, em sua maioria, leitos de internação, também são fatores considerados para o prazo recorde de construção, argumenta o engenheiro.

Engenharia hospitalar
Os projetos e obras hospitalares enfrentam grandes desafios. Prazos enxutos, a busca por novas tecnologias, a escassez de mão de obra especializada, a execução da obra com o hospital em funcionamento e o cuidado com o impacto da intervenção civil para os pacientes são alguns deles, segundo a arquiteta hospitalar Ana Carolina Meirelles Bonissi.

“Além disso, a engenharia hospitalar precisa atender todas as normas técnicas exclusivas, que proporciona o funcionamento harmonioso, como o tratamento de ar, requisitos para segurança, mobilidade, entre outras, e também atender as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que possui diversas particularidades para a aprovação do alvará sanitário para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS)”, destaca.

Para a arquiteta, a construção pré-fabricada possibilita assertividade em relação ao cumprimento e encurtamento do prazo da obra e contribui para torná-la mais sustentável. Ana Carolina é de Ribeirão Preto e trabalha para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde desenvolve e acompanha os projetos de reformas, expansões e novas unidades da instituição. Segundo ela, as estruturas pré-moldadas já são utilizadas no hospital em duas situações: nas expansões de estruturas já existentes, como, por exemplo, na expansão da unidade Morumbi e do Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch (M’Boi Mirim), e nas reformas de estruturas para a instalação do serviço hospitalar. “Neste último caso temos a Klabin, que é uma unidade ambulatorial, e a Clínica Einstein Anália Franco”, explica.

O engenheiro João Paulo afirma que as estruturas de concreto pré-moldado ou as metálicas são encontradas nas construções hospitalares na parte estrutural, composta por vigas e pilares. Já as instalações e acabamentos, na maioria dos projetos, ainda são executadas nos canteiros de obra, com baixa industrialização.

“A maioria dos projetos hospitalares no Brasil utiliza como característica o concreto armado, moldado in loco, proporcionando mais agilidade, flexibilidade, facilidade de manutenção e industrialização à construção.”

A arquiteta Mariluz concorda que a construção de hospitais de emergência a partir de itens prontos reduz o tempo de obra, mas argumenta que as mesmas estruturas dificilmente atendem as necessidades específicas das edificações hospitalares tradicionais. “Construir hospitais de campanha em campos de futebol é uma coisa, fazer um hospital em um terreno urbano, acidentado, é outra”, alega.

Mariluz argumenta que em sua experiência profissional, já realizou diversas tentativas para utilizar peças disponíveis no mercado da construção, mas o tamanho das peças não atende a necessidade do projeto hospitalar. “A montagem tipo ‘lego’, se feita com vários pavimentos, não se mostra estável o suficiente para a operação hospitalar. Se tivermos que fabricar as peças necessárias e ancorá-las para ter a estabilidade necessária, a construção se tornará, nas condições atuais da indústria da construção, muito mais cara que a convencional”, ressalta.

Segundo ela, a maior dificuldade na construção hospitalar são as instalações. Um hospital exige diversos sistemas de instalações complexas, desde os elementos de controle e combate a incêndio, que são absolutamente distintos de uma edificação comercial ou habitacional, até instalações que só existem nos estabelecimentos de saúde, como gases medicinais, vácuo clínico, etc.

Por que a engenharia brasileira não é tão ágil quanto a chinesa?

Adoção da metodologia BIM pode conferir agilidade aos projetos industrializados

Para o engenheiro Roberto Maestrello, os motivos são históricos, culturais e de escolha de prioridades, que resultam, principalmente, no baixo investimento em pesquisa e na fabricação e montagem de elementos construtivos.

“O Brasil, apesar do enorme déficit habitacional, de infraestrutura, de saneamento e de transportes, ainda está no discurso e longe da prática, porque pouco se importou em investir nesse sentido, coisa que americanos, ingleses, alemães e notadamente os chineses têm feito com abnegação e inteligência”, alega.

Roberto destaca que, ultimamente e com certa timidez, é possível ver obras sendo desenvolvidas no campo de infraestrutura de pontes, viadutos, na escavação e concretagem de túneis, nas novas ferrovias e também em construções comerciais e industriais. Mas, por questões que ele classifica como culturais, no Brasil ainda há receio em relação às paredes de “dry wall” (sistema de placas de gesso acartonado escoradas por estruturas metálicas) nas obras residenciais ou o uso do painel de “piso wall” sob o piso.

“É imprescindível que os institutos de tecnologia, as escolas de engenharia, o poder público, as associações de classe e a indústria estejam engajados e inseridos nesse conceito de construção para que o Brasil embarque nessa trajetória de progresso”, defende Roberto.

O engenheiro João Paulo Torres argumenta que, apesar de a construção modular não ser comum no Brasil, a industrialização do setor tem crescido. Dentre as práticas que têm sido cada vez mais usadas, ele cita técnicas como Lean Construction - metodologia usada para otimizar a produção, reduzindo desperdícios e buscando melhores prazos - e a racionalização da construção civil, que passa por materiais inovadores, projetos eficientes até chegar ao canteiro de obras com menos desperdício e maior produtividade.

A adoção da metodologia BIM (Building Information Modelling), na visão da arquiteta hospitalar Ana Carolina Meirelles Bonissi, é importante para conferir agilidade na construção civil no Brasil onde, segundo ela, o método é adotado por apenas 10% das empresas.

O engenheiro civil Roberto Maestrello destacas algumas iniciativas de construção utilizando estruturas pré-fabricadas na região de Ribeirão Preto. Segundo ele, além de alguns conjuntos habitacionais produzidos com paredes de concreto moldadas industrialmente nas obras, há trabalhos pioneiros de execução de conjuntos habitacionais através de estruturas pré-fabricadas mistas de metal/concreto, executadas parte com pré-fabricação na indústria e parte em obras.

Entre os exemplos estão a ponte sobre o rio da Onça, em Sertãozinho, construída nos anos de 1970; o pavimento misto em edifício industrial na Av. Castelo Branco, feito nos anos 1980; a utilização de formas deslizantes na execução do canal inclinado da Av. Francisco Junqueira, nos anos de 1970, baseado em estudos e obras de caixas d´agua executadas com formas deslizantes e/ou trepantes, largamente disseminadas no Brasil a partir dos anos de 1960.

A execução de paredes em concreto armado através de formas trepantes em edifícios de armazenagem de açúcar a granel nas usinas São Geraldo, em Sertãozinho, e Santa Fé, em Nova Europa.

A construção de pontes de concreto em vigas pré-moldadas na Rua Florêncio de Abreu com Av. Francisco Junqueira, sobre o córrego Retiro Saudoso; na ponte da Av. João Fiusa, sobre o córrego Ribeirão Preto, e na ponte da Avenida João Goulart, no final dos anos de 1980.

O pavimento sobre o escritório do CREA-SP, na sede da AEAARP, é pré-fabricado. Foi montado com materiais metálicos e alternativos em 2011.

No viaduto na Av. Maria de Jesus Condeixa, que está em construção sobre a Av. Francisco Junqueira e córrego do Retiro Saudoso, em Ribeirão Preto, as vigas são pré-moldadas de concreto protendido. São produzidas em canteiro na av. Maurilio Biagi, para depois serem transportadas e içadas sobre os pilares no próprio local.

“Todas essas construções têm caráter inovador e pioneiro, que trouxeram ganhos em tempo e em execução”, ressalta Roberto.

Tecnologia e planejamento fortaleceram a cultura do amendoim, que dobrou a produção nos últimos anos

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Há 45 anos a família de Danilo César Penariol se dedica ao cultivo do amendoim na fazenda Pau D´Alho, em Jaboticabal (SP). É a terceira geração da família à frente do negócio, que começou em 1974 com os avós. Eles são um dos primeiros produtores de amendoim da região e mantêm 650 hectares de plantação, entre terras próprias e arrendadas.

A cultura comercial do amendoim no Brasil é relativamente recente. Começou nos anos de 1950, alcançou bons resultados até a década de 1970 e sucumbiu a outras culturas, como a soja e a cana-de açúcar, que receberam incentivos e investimentos em tecnologia, aumentando as áreas plantadas.

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) incentivou a cultura da cana-de-açúcar a partir de 1975, quando surgiu o Programa. Os proprietários de terras passaram a arrendar as áreas para a promissora indústria canavieira, que exigia técnica para o manejo do solo. Uma das possibilidades dessa técnica é a alternância da cultura da cana com o amendoim, que, apesar de tecnologicamente e comercialmente enfraquecido, não sai de cena.

O amendoim é uma leguminosa originária da América do Sul.

Segundo o engenheiro agrícola Rouverson Pereira da Silva, docente do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal (SP), o amendoim proporciona controle biológico da cultura da cana, reduzindo a infestação por pragas, e contribui com a manutenção da fertilidade do solo por meio da fixação de nitrogênio.

A rotação de cultura foi oportuna para que produtores mantivessem suas lavouras de amendoim. “É a principal cultura de rotação com a cana-de-açúcar no estado de São Paulo, cultivado nas áreas de renovação de canavial”, explica o agrônomo José Antônio Rossato Júnior, presidente da Cooperativa Agroindustrial (Coplana). O amendoim impulsiona outra indústria, a de alimentos, aumentando as possibilidades de ganho dos produtores.

A mecanização dessa lavoura aconteceu a partir dos anos de 1980 e, segundo a Coplana, foi a estratégia para a cultura prosperar. A tecnologia foi importada da Argentina e Estados Unidos e impactou em toda cadeia produtiva: as máquinas exigiam novas variedades – do tatu, ou ereto, para o runner, que é rasteiro. Pesquisadores da Embrapa e do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) chegaram a um cultivar mais produtivo, nutritivo e resistente. A introdução de secadoras no armazenamento evita o surgimento de fungos e melhora a produtividade e a rentabilidade.

“A revolução da mecanização e a secagem do amendoim deram condições para que a cultura crescesse. De 20 anos para cá houve um boom na produção”, conta o presidente da Coplana. Com ganhos em produtividade e em qualidade, o amendoim passou a atender a indústria alimentícia nacional, substituindo importações da Argentina. No ano 2000 começou a ser exportado.

Renata Martins Sampaio, pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola (IEA), explica que o crescimento da cultura nos mercados interno e externo se deve ao aprimoramento dos processos para melhorar a qualidade do produto, atendendo às exigências e demandas do mercado.

A partir do início dos anos 2000, novas tecnologias de produção e beneficiamento passaram a ser alinhadas às novas práticas sanitárias e de armazenamento. Além disso, o amendoim tornou-se pauta de debates e fóruns com vistas ao fortalecimento e aperfeiçoamento da cadeia.

“Novos arranjos técnicos, organizacionais e institucionais abriram espaço para o reposicionamento do amendoim brasileiro no mercado internacional e também ofereceu condições de planejamento e inserção no mercado interno do produto in natura e industrializado”, explica Renata.

Produção na região
O Brasil ocupa o 13º lugar como produtor de amendoim no mundo. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que em 2012 o país produziu 256.600 toneladas do amendoim em casca. A safra 2017/2018 apresentou um volume bem mais significativo: 501.800 toneladas e, deste total, 477.700 mil foram produzidas no estado de São Paulo, que concentrada 90% da produção.

Em 2018, a cultura registrou aumento de 13% no seu valor da produção, totalizando R$ 871 milhões. O grão ocupa a 15º posição no ranking do Valor da Produção Agropecuária do estado de São Paulo, composto por 54 produtos, com a cana-de-açúcar na primeira posição. De acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA), no período de 2007 a 2017, a produção paulista de amendoim cresceu em média 12% ao ano.

A região da Alta Mogiana (Ribeirão Preto, Jaboticabal, Sertãozinho, Dumont) e Alta Paulista (Tupã, Marília) são as maiores produtoras de amendoim do estado, representando parte importante do PIB regional.

Jaboticabal respondeu por 23% da produção de amendoim no Brasil na safra de 2018, com 119.520 toneladas. O município é o segundo maior exportador da leguminosa do país. A posição lhe rendeu o título de Capital Estadual do Amendoim, outorgado por meio da Lei Estadual n° 16.640, de 05 de janeiro de 2018. Mais de 50% do faturamento da Coplana, maior processadora do grão no país, tem origem no amendoim. Na safra de 2018, a cooperativa produziu 89.520 toneladas de amendoim em casca, com faturamento de R$ 499.495 milhões. A cooperativa exportou 33.921 toneladas, 22% do total das exportações do Brasil, que totalizou 153.317 toneladas em 2018.

A cooperativa recebe o grão do produtor, armazena, beneficia, processa e exporta, especialmente para o mercado europeu.

Cadeia produtiva
Os grãos de amendoim são utilizados pela indústria alimentícia como matéria prima na fabricação de doces, na massa dos chocolates, aperitivos e óleo.

Segundo dados do Estudo Tendências, encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (ABICAB) o setor conta com cerca de 400 empresas com relevância no mercado. As líderes respondem por 25% a 30% da produção do setor, enquanto as empresas de médio porte respondem por 30 a 35%. Ou seja, um volume relevante da produção, em torno de 40%, está nas mãos de pequenas e microempresas.

O estado de São Paulo concentra a maior parte das empresas de produtos de amendoim. Segundo a ABICAB, a concentração é estratégica, uma vez que o estado é grande produtor dos insumos utilizados no setor.

O Brasil é o quinto maior exportador de amendoim no mundo. Em 2018, a exportação do amendoim em grão cresceu 35% em relação a 2017, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, divulgados em artigo publicado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA).

O óleo de amendoim e amendoins preparados e conservados também são exportados, mas em menor escala. Segundo Renata, pesquisadora do IEA, o avanço da produção de soja deslocou a importância do amendoim no mercado de óleos vegetais e o produto em grão e a confeitaria passaram a ser destaque no mercado.

“As exportações representam cerca de 50% a 70% do mercado do amendoim, variação que depende do comportamento da demanda e também da oferta do produto no mundo. O restante é consumido pelo mercado interno”, explica Renata, do IEA.

A Rússia é o principal destino do amendoim em grão com 37% do volume total, seguida da Argélia com 17% e dos Países Baixos (Holanda) com 11%. O óleo de amendoim é exportado para China e Itália. Os amendoins conservados e preparados são exportados principalmente para a Rússia, Ucrânia e Estados Unidos, Chile, Peru, Colômbia e Uruguai.

Conselhos e associações de classe têm origens, atribuições e responsabilidades distintas. A valorização do profissional e a defesa do exercício regular da profissão – por pessoas habilitadas e registradas no conselho – é o que as une.
O engenheiro Vinícius Marchese, presidente do CREA-SP, disse na AEAARP que em 2023 o Conselho almeja fortalecer as associações no interior paulista por meio de convênios e fomentos. Ele se reuniu na AEAARP com representantes das 24 associações de classe do setor que compõem a Unacem, entidade que reúne entidades da região.
Além de Vinícius, também participaram do encontro diretores do CREA-SP de diferentes setores e a vice-presidente Lígia Marta Mackey.
Os encontros, na visão do engenheiro Giulio Prado, presidente da AEAARP, são ricos na medida em que profissionais e dirigentes têm a oportunidade de alinhar realidades, objetivos e expectativas.

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