José Ultímio Junqueira Junior
Via Verde Agroconsultoria
Infere-se que a pecuária como atividade humana possa ter tido início antes mesmo da agricultura, quando nossos ancestrais caçadores, perceberam que poderiam primeiro, conduzir os rebanhos e, posteriormente, controlar sua reprodução.
Essa atividade tão antiga quanto a própria história humana, embora não se restrinja a um único tipo de criação, tem sua denominação derivada do latim Pecus (cabeça de gado) e a mesma raiz etimológica da palavra “pecúnio” (moeda, dinheiro). Com efeito, as cabeças de gado, ao longo das civilizações, sempre estiveram ligadas a ideia de reserva de patrimônio e acumulação e riqueza.
Foi a pecuária como fornecedora de alimento fresco e de grande reserva nutricional, que propiciou a expansão da espécie humana para os lugares mais remotos do planeta.
No Brasil a pecuária começou com a chegada dos portugueses que trouxeram os primeiros “animais de criação” e como por aqui, o termo acabou se confundindo com a criação de gado, peço licença aos leitores pelo vício dessa restrição, que certamente se fará presente neste e nos próximos textos, onde faremos um passeio pela trajetória dessa atividade tão importante para o desenvolvimento e a própria fisionomia do nosso país.
Inicialmente a pecuária se restringiu a faixa litorânea e aos engenhos de cana de açúcar, onde os animais serviam basicamente de tração para as moendas.
A interiorização do gado teve impulso somente a partir de 1722 com a descoberta de ouro em Goiás, propiciando o estabelecimento das “Fazendas de Criar” para alimentação e comércio de artefatos de couro com os viajantes ao longo dos “Caminhos do Ouro”, fomentando por exemplo, o início da ocupação da região nordeste paulista, como nos conta Lucila Reis Brioschi no livro “Na Estrada do Anhagüera” uma visão regional da história paulista, da editora Humanitas de 1999.
Até a segunda guerra mundial e a vinda do Frigorífico Anglo em 1942, que começou a exportar carne enlatada para alimentação das tropas aliadas, o couro era praticamente, o único produto com algum valor na criação de gado e esta, a única forma de utilização econômica das terras de campo do Brasil central.
A abundância de terras fracas, a ocupação de grandes áreas e principalmente a falta de valor dos seus produtos que caracterizou por muito tempo a pecuária no Brasil, deixou marcas profundas de baixa eficiência e de uma tradição extrativista no sistema de produção pecuário Brasileiro, que só começou a mudar, ainda que timidamente, a partir dos anos 90.
O pecuarista que antes era visto como um “desbravador do sertão”, passou a ser considerado o principal “inimigo da natureza” e a atividade, demonizada pela sociedade urbana nacional e internacional.
Mas o que é verdade ou não, nessas narrativas? Como podemos melhorar essa discussão? Qual será o papel da pecuária em relação ao balanço de carbono e as mudanças climáticas? Estes e outros aspectos ligados ao presente e o futuro da atividade pecuária serão apresentados nos próximos textos dessa trilha...
Espero que gostem e participem!
Trilhas do agro vão compartilhar conhecimento
Projeto da Diretoria de Agronomia da AEAARP vai compartilhar conhecimentos científicos e práticos no setor agronômico
Especialistas e consultores dedicados a temas agronômicos foram convidados pelo engenheiro agrônomo Leonardo Barbieri, diretor desta área na AEAARP, a integrarem o projeto Trilhas do Agro, que pretende pautar e compartilhar conteúdos em diferentes áreas.
As trilhas se dedicarão aos temas grãos, hortifruti cultura, pecuária, cana-de-açúcar, mecanização e sustentabilidade na produção agrícola. “Vamos reunir textos inéditos no site da AEAARP para colaborar com as reflexões sobre os temas, abordando atualizações de diferentes segmentos do agro”, explica Leonardo.
O projeto tem o intuito de incentivar o debate sobre temas agronômicos na AEAARP até a realização da Semana de Agronomia, que acontecerá no segundo semestre deste ano. O Trilhas é, segundo Leonardo, a introdução às palestras que acontecerão ainda neste ano.
O nome do projeto é referência a este caminho, o do conhecimento até chegar ao principal evento agronômico da AEAARP, de 20 a 24 de setembro.
Participam do projeto Jorge Luis Donzelli, Denizart Bolonhezi, José Junqueira, Marcelo Pierossi, Paulo Croisfelts e Gabriel Bitencourt.