Diversificação de matrizes deve combater insuficiência energética
Em um mundo cada vez mais conectado é natural a dependência da eletricidade. A pior crise hídrica do Brasil nos últimos 90 anos, enfrentada em 2021, destacou a obsolescência do sistema nacional de geração e distribuição de energia, uma vez que as hidrelétricas são a principal fonte energética do país. O problema afetou diretamente o bolso da população e dos setores econômicos, impulsionando até a alta da inflação. Tanto é que a conta de luz só saiu da cobrança acrescida da bandeira de escassez hídrica recentemente, em abril.
A crise de energia não é uma questão exclusivamente brasileira. A Europa também tem sido afetada devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que impediu o funcionamento regular das usinas e aumentou o preço do gás, fonte energética mais comum da região.
Apesar de serem protagonizados pela deficiência de diferentes recursos, ambos os cenários implicam em insegurança e vulnerabilidade energética. A tendência é que o problema cresça conforme o aumento da demanda, isto é, se medidas de diversificação de fontes não forem adotadas em tempo.
A Eng. Eletric. Michele Carolina Morais Maia, que já atuou como coordenadora da Câmara Especializada de Energia Elétrica (CEEE) do Crea-SP, defende que, no Brasil, “não faz mais sentido investir tanto em hidrelétricas quando pouco se emprega em outras matrizes para utilização de alternativas renováveis e seguras.”
E não é por falta de tecnologia. De acordo com mapeamento do Portal Solar Franquias, que utilizou dados da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Brasil é um dos países que mais cresceram em energia solar no comparativo entre 2020 e 2021, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos e Índia.
“A busca por melhor eficiência energética e redução de custos é constante. As energias solar e eólica são as que mais cresceram nos últimos tempos”, explica o inspetor do Crea-SP, Eng. Eletric. Hilquias Linhares. Para o profissional, o caminho para o êxito das alternativas limpas é a utilização em projetos públicos, preparando cidades e população para uma mudança comportamental de consumo e adoção de dispositivos verdes. “A gestão pública deve participar desse movimento, envolver a sociedade e buscar um futuro que melhore a vida das pessoas e do meio ambiente. Um passo para isso é incentivar a instalação dos equipamentos de captação de energia solar em casas, em contrapartida à redução de IPTU, por exemplo”, sugere.
Tais práticas levam à expansão da produção e popularização dessas tecnologias. “É o que acontece com os carros elétricos. O motor alimentado por bateria recarregável em substituição à combustão é menos poluente, mais eficiente e menos custoso em termos de manutenção, impostos e abastecimento. Temos que correr para tornar esses veículos mais acessíveis, garantindo melhor aceitação”, conta Michele.
A dúvida é: mais carros elétricos podem prejudicar ainda mais a crise energética? Não necessariamente. É a lógica da Lei da Oferta e Demanda, velha conhecida da Economia, que diz sobre como funciona o mercado. “Acompanhamos a significativa crescente de fontes de energia renováveis para atender às demandas. Ou seja, conforme o uso de veículos elétricos aumenta, aprimoramos também a tecnologia e, com isso, seguimos criando as soluções necessárias. Grandes investimentos já estão sendo feitos para isso e a tendência é que eles sejam cada vez maiores”, finaliza Linhares.
Produzido pela CDI Comunicação CREASP